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STARTUPS - 4 dicas para a sua startup manter as finanças em dia – com ou sem investimentos

30 de janeiro de 2023
Revista PE&GN

O período de bonança vivido pelo ecossistema de startups brasileiro em 2021 foi seguido por uma queda de mais da metade no valor de investimentos registrados no ano passado, segundo levantamento do Distrito. Com o aumento da inflação e da taxa de juros, o capital ficou mais caro e mais arriscado. A esse momento de maior escassez e incerteza deu-se o nome de inverno das startups.

Diante desta realidade, as empresas precisaram olhar para dentro e repensar suas estruturas para sobreviver sem investimento externo por mais tempo, uma vez que a ideia de crescimento a qualquer custo deixou de atrair os investidores e ficou mais difícil ter acesso a recursos.

“Quem fez captações mais volumosas nos anos anteriores precisa entender o que fazer com a estrutura, como gerir os custos e as despesas para que a alocação seja mais bem executada e o runway dure mais tempo. O exercício a ser feito é entregar mais resultado usando menos capital, para que ele dure mais tempo”, indica Taeli Klaumann, CFO da startup Conta Simples.

À frente da área financeira da fintech, a executiva lida diretamente com esse desafio. A Conta Simples levantou uma rodada Série A no valor de R$ 121,4 milhões em dezembro de 2021, poucos meses antes do período de escassez. Participaram da captação o fundo JAM – do fundador do Tinder Justin Mateen –, Valor Capital, Base10 Partners, Y Combinator, Quartz e Big Bets.

Na opinião de Klaumann, o período apresenta grandes desafios, mas trará aprendizado e maturidade às startups. “Com foco em produtividade, crescimento com equilíbrio e atenção diária às oportunidades de otimização dos recursos, sem dúvidas startups sairão desse inverno fortalecidas, mais maduras e melhor preparadas para novas adversidades futuras”, sugere a profissional.

Veja a seguir algumas dicas de Taeli Klaumann para sobreviver ao inverno das startups:

1. Dados são importantes

Em momentos de instabilidade, o empreendedor não pode se apoiar apenas na intuição. Segundo a executiva, o P&L (Demonstrativo de Lucros e Perdas) deve ser o seu guia. Apesar do cenário conservador, dados ajudam na tomada de decisões assertivas. Os riscos devem ser calculados e metrificados para evitar surpresas desagradáveis.

Os investidores também estão mais atentos aos números. “Em um passado recente, eles se baseavam em três indicadores para tomar decisões, mas hoje vão mais profundamente. Cruza-se os dados como os do funil de vendas, de precificação, contratos, safra de clientes. Os dados vieram para ficar no processo decisório”, afirma.

Caso você ainda não consiga entregar os indicadores necessários para captar investimentos, a dica de Klaumann é preparar o pitch, reunir os números atuais e usá-los como referência ao longo da jornada, tendo em mente o que quer construir e em quanto tempo precisará captar, deixando a casa em ordem para quando o momento chegar.

2. Faça testes

A CFO diz que gerir despesas é sempre necessário. Ainda que o momento esteja mais favorável, estar atento aos custos é essencial, principalmente quando se tratam de startups, que precisam de investimento – e às vezes de capital intensivo – para escalar o negócio.

Deve-se analisar para onde os recursos estão sendo destinados – sejam eles financeiros, tecnológicos ou esforços dos colaboradores – e entender se eles realmente ajudam a entregar valor.

A sugestão da executiva é fazer testes de elasticidade: promover reduções e expansões em algumas frentes e observar as mudanças. Caso os resultados se mantenham estáveis, vale avaliar se é possível cortar ainda mais. A ideia é entender quais padrões devem ser mantidos ou melhorados, gastando o mínimo possível.

3. Foco na performance

Temos visto ondas de demissões em massa em startups de diferentes setores desde o ano passado. Neste momento de incerteza, segundo Klaumann, é importante que as empresas voltem a olhar para o quanto estão investindo em pessoal e busquem entender a razão para cada área existir e qual é o dimensionamento adequado ao ritmo da empresa.

Este exercício pode apresentar oportunidades de otimização. A executiva aponta que, nos anos de maior liquidez, houve uma escalada de salários. Neste momento, com todos os layoffs, o mercado tem se ajustado e boas opções de recrutamento surgem.

Na opinião de Klaumann, além da valorização de performance, é importante validar soft skills. “Neste novo ciclo, temas como colaboração, resiliência, convivência com escassez e autodisciplina para modelos remotos de trabalho são fundamentais, além, é claro, do alinhamento com a visão e o propósito da organização e fit cultural.”

Ela acrescenta que, apesar dos cortes de funcionários serem um reflexo mais visível, a redução de custos também esbarra em limitar as ferramentas utilizadas e diminuir os investimentos em múltiplos produtos, por exemplo, dando foco naquilo que trará resultados mais rapidamente.

4. Execute

Pode ser difícil tomar decisões na posição de gestor, mas a profissional afirma que não se pode viver apenas de iniciativas: é preciso ter “acabativas”, termo inventado para definir o fim de uma ação. Não basta só querer, é preciso fazer. E essa execução deve ser feita com propriedade, gastando o mínimo possível e com foco no cliente para entregar soluções que realmente solucionam dores e que, portanto, vão gerar retorno financeiro para a empresa.

“Vivemos no Brasil, sempre estamos em dúvida com economia, câmbio, leis que podem impulsionar ou não os negócios. Não controlamos nada disso. O que dominamos é atrair clientes e eles são os únicos que demitem todos da empresa, inclusive o conselho”, aconselha.

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